16 abril 2007

80 anos


Na feliz condição de irmãos em torno do mesmo pai, vamos celebrar hoje o octogésimo aniversário natalício do Santo Padre Bento XVI. E nesta mesma semana, a 19 de abril, lembraremos o segundo ano de sua eleição para o trono de Pedro.
Com fé e esperança, reconhecemos na figura de Bento XVI o pastor seguro que está a guiar a Igreja na mais profunda crise da história do cristianismo.
Bávaro, o nosso Papa nasceu num Sábado Santo. Teve a graça de ser baptizado horas depois nas águas recém consagradas na Vigília Pascal, facto que ele considerou como bom presságio. Filho de uma modesta família do Sul da Alemanha, recebeu o nome de Joseph, o mesmo do seu pai, que foi chefe de polícia. Sua mãe, Maria Peintner, era uma amorosa dona de casa. Teve dois irmãos: Maria, falecida em 1996, e Georg, que também se fez padre e é regente de coro na Baviera.
Passou uma alegre infância em família, mas na juventude sentiu a ameaça do pérfido nazismo, quando já era seminarista. Entre temores e terrores, foi feito prisioneiro no final da 2ª Guerra Mundial, mas sobreviveu. De volta para casa, com apoio dos pais, voltou aos estudos eclesiásticos e ordenou-se padre em 1951.
Sua vívida inteligência torná-lo-ia um dos teólogos expoentes do Concílio Vaticano II (1962-1965). Já a coerência do seu itinerário teológico levou o Papa Paulo VI a chamá-lo para ser arcebispo de Munique, em 1977, aos 50 anos. Assumiu então o serviço episcopal escolhendo como lema ser “Cooperador da Verdade”. Quatro anos depois, João Paulo II fez dele a maior autoridade da Igreja no campo da defesa da fé.
Respeitadíssimo, por quase 25 anos o Cardeal Ratzinger cumpriu o seu delicado e controverso ofício por acreditar que a crise do cristianismo só será superada por homens cuja existência cristã enfrente hoje com fé, a fé autêntica de hoje.
Em Abril de 2005, quando planeava enclausurar-se num mosteiro para viver a velhice aprofundando os seus estudos teológicos, a Divina Providência mudou-lhe os planos e impeliu-o a uma suprema missão: a de conduzir a barca de Cristo pelos mares revoltosos do século XXI, substituindo o magnânimo João Paulo II. Que desafio!
Eleito Papa, Joseph Ratzinger adoptou o nome de Bento XVI. Hoje, dois anos após o início do seu ministério petrino, está a apascentar os católicos com serenidade e discrição, sem sobressaltos, condenando a teoria e a prática do relativismo moral e propondo o amor de Deus como valor absoluto e como questão fundamental para a vida.
Tal qual simples operário da Vinha do Senhor, o Papa Bento faz-se também peregrino da paz e profeta do diálogo entre os povos e culturas. Já anunciou Jesus Cristo na Alemanha, na Espanha, na Polónia e na Turquia, e prepara agora a sua mais longa viagem, prevista para Maio, quando irá ao Brasil abrir a Conferência dos Bispos latino-americanos em Aparecida.
O Papa merece, como sinal de fé, a nossa constante oração com votos de boa saúde e de assistência do Espírito Santo. Que nos seus 80 anos, Bento XVI ganhe como presente de cada católico esses preciosos dons para comprovar o quanto a ele estamos unidos filialmente pelos laços da divina caridade.
Vida longa para o Papa! Que Deus o conserve e o ilumine!

escrito por Gesiel Júnior, escritor e cronista, membro da Sociedade de São Vicente de Paulo